Saturday, December 9, 2006

A Era da "isegoria", segundo Farfalhozen (heterónimo)...

A revolução digital em curso tem tanto de inquestionável como de inexorável. Este fenómeno é, aliás, sintomático de uma sociedade cada vez mais tecnológica, uma sociedade onde todos testemunham a emergência das novas tecnologias de informação e da comunicação, e onde quase todos se vão adaptando aos valores emergentes, sob pena de ficarem à margem, uma vez que não entendem os contornos morfo-sintáticos desta nova linguagem de natureza digital, que é, curiosamente, uma espécie de “língua oficial” da nossa “aldeia global”.

Posto isto, uma das dimensões desta revolução é a dimensão dos ciclos curtos. Ora, após alguma reflexão, não vejo outro exemplo mais iconográfico deste valor do que o Cinema, se não, vejamos. Há cerca de setenta anos atrás, em 1938 (se a memória não me falha...), numa cena de luta do filme “Robin dos Bosques”, contavam-se não mais do que dez ou quinze planos diferentes.

Hoje, numa cena igualmente bélica, no filme “O Gladiador”, em que este trava uma luta semelhante, identificam-se mais de 200 planos diferentes, sendo que alguns não duram mais do que um piscar de olhos...!
Ainda no campo cinematográfico, noutros filmes como “A Supremacia de Bourne”, ou “O Último Samurai”, o ritmo vertiginoso das sequências dos planos, incrivelmente curtos, chegam a tornar as cenas quase imperceptíveis a olhos menos habituados a este tipo de linguagem.

Outro valor desta nova era é a interactividade. Estamos a atravessar um período de proliferação dos espaços fórum. É a era da isegoria grega, todos têm opinião, ou melhor, devem tê-la! Seja nos “Gregos e Troianos”, nos “Prós e Contras” (e não me refiro, naturalmente, aos especialista convidados, mesmo porque o que esses expressam não é, em geral, a sua opinião, mas sim as indicações cientificamente fundamentadas que as suas áreas intuem e advogam), nos jornais, ou nos blogues (!!!), a opressão da obrigação da opinião parece conduzir a uma gratuitidade desta, a um reducionismo e a um simplismo, a meu ver nefasto e prejudicial à verdadeira ciência.

Parece-me haver, de facto, uma profusão de “linhas de montagem” espontâneas que fabricam opiniões de forma infundada, inconsequente, e leviana, até, e isto porque acreditamos (muitos de nós...), por alguma razão, que todos devem ter uma posição acerca de tudo, o problema está em saber se tudo deve ser objecto de opinião...

CÂMBIO FINAL deste lado do reino...

3 comments:

Anonymous said...

Carla Ganito said...

Texto bem redigido e muito interessante do ponto de vista dos exemplos. Pena que não tenha repetido para os outros temas que foram propostos. Deve procurar retormar a sua escrita que tinha deixado boas expectativas.´
Pegando nas suas palavras, nesta disciplina existe de facto uma " opressão da obrigação da opinião" mas pretende que as opiniões não sejam gratuitas e que contribuam para a melhoria da ciência.

Anonymous said...

bom comeco

PIP said...

Muito obrigado...

Paz

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